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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

“E se não choras, do que costumas chorar?” Dante Alighieri

Chora
Quem nega, a uma lágrima, guarida,
rouba da vida parte do encanto,
pois a paixão é gêmea do pranto
e o pranto nasce e morre, como a vida.

O pranto é como um riso suicida
nos lábios desbotados do palhaço:
escorre, sobre a face, um curto espaço
e morre na metade da descida.

Portanto chora, e chora sem receio,
seja o teu próprio pranto, o pranto alheio,
qualquer que seja o tempo ou a razão.

E ainda que não seja o teu costume,
hás de sentir o gosto e o perfume
do trigo que, ao morrer, concebe o pão.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 23/12/2014
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