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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

A língua dos guetos do parnaso

A pena, a calejar a mão servil
na rusga entre o papel e a escrita,
busca certas palavras nunca ditas
pelos guetos da língua mãe gentil.

A mente, a maquinar ideias mil,
soletra mil palavras por segundo,
que vão do pensamento ao fim mundo
e voltam novamente ao seu covil.

E assim vai pelas letras o poeta:
a alma, aventureira e irriquieta,
vagueia pelos versos, penitente.

E quando, calejada pela pena,
descobre uma palavra obscena,
revela, sem pudor, a dor que sente.

A língua é uma espécie de serpente,
capaz de perdoar quando condena!
 
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 04/03/2015
Alterado em 04/12/2018
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