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Encontro entre o poeta e seu heterônimo
Eu, este poeta que vos fala,
sou uma voz que hoje não se cala pela mordaça vil da timidez. Grito a poesia aos quatro cantos, até sorrir ou derramar em prantos, a natureza de que Deus me fez. Eu, que sou apenas heterônimo declamo versos pra manter o ânimo do pai-poeta que me trouxe à terra. Falo por ele como aquela alma, que, do poeta, permanece salva pra redimi-lo quando a outra erra. Eu, que sou o outro e também falo, ouço o poeta e logo me calo, por que o poeta rouba-me a voz. E minha voz, na voz da poesia, ganha o mundo... grita e anuncia a dupla alma que habita em nós. Eu, este poeta que se cala, sou como um escravo na senzala, que recebeu, há pouco, alforria. Respiro o olor da liberdade que há de unir para a eternidade numa só alma a nossa poesia.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 06/06/2007
Alterado em 06/06/2007 Copyright © 2007. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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