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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Encontro entre o poeta e seu heterônimo
Eu, este poeta que vos fala,
sou uma voz que hoje não se cala
pela mordaça vil da timidez.

Grito a poesia aos quatro cantos,
até sorrir ou derramar em prantos,
a natureza de que Deus me fez.

Eu, que sou apenas heterônimo
declamo versos pra manter o ânimo
do pai-poeta que me trouxe à terra.

Falo por ele como aquela alma,
que, do poeta, permanece salva
pra redimi-lo quando a outra erra.


Eu, que sou o outro e também falo,
ouço o poeta e logo me calo,
por que o poeta rouba-me a voz.

E minha voz, na voz da poesia,
ganha o mundo... grita e anuncia
a dupla alma que habita em nós.

Eu, este poeta que se cala,
sou como um escravo na senzala,
que recebeu, há pouco, alforria.

Respiro o olor da liberdade
que há de unir para a eternidade
numa só alma a nossa poesia.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 06/06/2007
Alterado em 06/06/2007
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