No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Teologismo herege

Rezo pelo silêncio do minuto,
por força de um rito social,
enquanto se apressa o funeral
e a santa hipocrisia veste o luto.

Rezo pelo cadáver insepulto,
que se oferece às moscas, no final,
em cumprimento ao ciclo natural,
que leva o corpo ao último reduto.

Rezo pelo alívio da viúva,
que, protegida sob o guarda-chuva,
se esconde por detrás da lente escura.

Rezo por esse corpo não ser meu.
E ainda que não saiba quem morreu,
temo que me ofereça a sepultura.

Rezo por fazer parte da cultura
do crente, do cristão e do ateu.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 09/04/2015
Alterado em 02/12/2020
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