No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Cão-de-guarda



—Oh, Poeta! Porque tu bebes tanto?
Pergunta a poesia indignada.
—Me doem versos postos na calçada,
como se fossem restos doutros tantos.

—Vai-te! Diz o poeta entre prantos.
    Anda, que outro poeta te espera.
Mais um trago, vomita uma quimera,
e sai a cuspir verbo em qualquer canto.

A poesia (belo cão faminto)
segue o poeta por um labirinto,
como se os labirintos fossem nada.

E pisa em cada verso vomitado,
e deixa, impunemente, lado a lado,
rabiscos de sonetos na calçada.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 14/06/2015
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