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Dá-me teus rijos seios para o beijo, guarda o pudor atrás do fingimento. Goza por nós a farsa do momento nos camarins da arte do desejo. Despe-te do disfarce e, no ensejo, faz-me de objeto do cenário. Deixa guardado, dentro do armário, os vestígios de mim, como sobejo. Lê, com vagar, a linhas do diário, como, nos velhos tempos, eu as lia. Recita, com voz de atriz, a poesia como se fosse um mote literário. Troca o meu beijo doce e solitário, pelos beijos salgado dos mundanos. Já borrei teu batom por tantos anos, que já não caibo mais no calendário. Bem sabes tu, que quando cerra o pano no apagar das luzes da ribalta, se um coração, do outro, sentir falta, o outro já achou um novo um dono. O coração amante é um piano, capaz de se ajustar ao tom da flauta. Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 18/06/2015
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