No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Flores falsas

De tanto perfumar, perdeu o cheiro.
Hoje não sabe mais se ainda é flor.
Seu colibri também perdeu a cor
e voa mais distante e mais ligeiro.

As pétalas caíram por inteiro,
como se fosse outono, a primavera.
Hoje é só a lembrança do que era:
um calo sobre a mão do jardineiro.

Murcharam-se os talos, as sementes...
Nasceram flores frias, diferentes,
incapazes de abrir um só botão.

Flores frias, sem viço e sem perfume,
que não têm a magia e o costume
de servir à abelha e ao zangão.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 21/06/2015
Alterado em 15/12/2018
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