No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Monólogo do seio direito

Hoje vivo a pagar pela saudade,
que a lembrança de ti me sentencia.
Velei por ti na vil patologia
que mutilou bem mais que a vaidade.

Eu vi o sangue encher a cavidade
e vi murchar o pomo ao meu lado.
Eu vi um viço inteiro sepultado
num jazido de dor, sem piedade.

Chorei contigo o leite derramado,
ao ver que teu destino foi somado,
como percentual, ao sofrimento.

Eu sou, do seio esquerdo, o vizinho
que vive a dar guarida, a dar carinho...
à dor, que ora sozinho, amamento.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 21/06/2015
Alterado em 21/06/2015
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