No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Luvas vazias

As suas mãos guiaram minhas mãos
nos meus primeiros passos na escrita.
A poesia, coisa mais bonita,
brotava aos montes feito um turbilhão.

Eu era um verso ainda em nidação:
um jovem rubicundo menestrel,
qual uma pauta em branco no papel,
à espera da divina inspiração.

Hoje jazo, sem vida, num soneto.
De luto, a poesia veste preto,
a debulhar o pranto das viúvas.

E quando minha mão procura a dela
uma verdade triste se revela:
a suas mãos são só um par luvas.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 28/06/2015
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