![]() Um dono sem cão
Vendi minha choupana de verão com tudo o que havia dentro dela: a lua que era vista da janela e as flores espalhadas pelo chão. Vendi o sonho, ainda em construção, de reformar o mar e o jardim e junto, o pedaço a mais de mim guardado no latido do meu cão. Vendi também o sol do ano inteiro como emolumento de escritura. Vendi, enfim, a brisa, a frescura... pra conseguir juntar algum dinheiro. Só não vendi meu riso derradeiro ao sentir o meu cão sentir saudade. Hoje, a vergar no peso da idade, sou um dono sem cão e sem dinheiro. Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 28/06/2015
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