![]() Uma parábola para Rimbaud
E, ao parir as dores da costela, olhou pra Deus, com olhos de Adão, e desnudou com sua própria mão, de todas criaturas, a mais bela. Até o Pai sentiu vergonha dela, e se escondeu, por trás da onipotência, e fez Adão ter plena consciência do pecador que ora se revela. E ele e Deus, em santa comunhão, a despojaram (como de costume), por conta da inveja e do ciúme, dos dotes conjugais da criação. Adão morreu (com sua geração) e a deusa nua, coberta de luto, adormeceu à espera do indulto, que desse fim à vil escravidão. Até que um noviço vagabundo veio quebrar seu luto secular, e o mundo desde então pudesse olhar à luz do novo olhar do novo mundo. Fez da beleza o pomo mais fecundo e assim reescreveu a profecia: tornou o verbo escravo da poesia e a poesia, Senhora do mundo. Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 30/06/2015
Alterado em 01/07/2015 Copyright © 2015. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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