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Hoje já é janeiro no meu sonho! Lá vem você com aquele olhar risonho de quem bebeu amor o ano inteiro. A sua mão, na minha mão caduca, aperta forte, como quem machuca, até que o sol aqueça fevereiro. Olho os seus olhos como sempre faço e sinto o gosto das águas de março a celebrar uma visão de abril. A minha mãe sentada no quintal, o branco dos lençóis sobre o varal, o sol, forjando raios de soslaio, pra aquecer meu coração-criança. Esta visão visita-me a lembrança quando abril estende as mãos pra maio. Ao som de um violão, cai a neblina! Um cisco cai no olho da menina e enseja o choro que jamais caiu. Aquele choro que molhou seu punho e só secou quando o luar de junho chegou ao céu a desfilar orgulho. Seu coração de férias da escola batia leve qual jogo de bola na areia branca da manhãs de julho. O sol se pôs um tanto a contra-gosto como se julho não quisesse agosto, feito um poeta que rejeita a rima. Mas tinha um colibri, inda relembro, um beija-flor das flores de setembro luzindo cores feito obra-prima. Um girassol tingia o chão de rubro como sangrasse o solo de outubro pra transfundir os dias de novembro. Hoje já é janeiro! O que eu faço!? Preciso urgentemente de um abraço, antes que o sonho morra em dezembro. Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 06/09/2015
Alterado em 07/09/2015 Copyright © 2015. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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