![]() Estava eu, em morro de São Paulo, na Bahia, a passear de charrete pela beira-mar, quando a minha esposa perguntou para o charreteiro, conhecido pela alcunha de Cabra-macho, onde ele morava. A resposta ficou na minha cabeça: — eu moro debaixo do meu chapéu.
Sob um chapéu Cabra-macho nasceu na beira-mar, à sombra dum arbusto, junto ao mangue. A mãe tingiu as ondas com o sangue que o pai de Cabra-macho fez jorrar. Cresceu, como se fosse um bumerangue, a fazer rastro em torno do lugar onde o mangue se entrega para o mar e o mar traz vida nova para o mangue. Hoje vive (debaixo do chapéu) a fermentar o pão de cada dia: sol a sol sob a brisa, a ventania... lua a lua por onde alcance o céu... Desta feita ele cumpre o seu papel, qual um verso ao sabor da poesia. Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 22/09/2015
Alterado em 27/09/2015 Copyright © 2015. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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