![]() Marionete
Me usurpam da inteligência o brilho e me devolvem a concessão da vida. Me impõem do caminho o trilho e da chaga a natureza da ferida. Me usurpam do brilho a sabedoria e me devolvem a concessão do ócio. Me impõem da dor a agonia e do arbítrio me impõem um sócio. Me usurpam da sabedoria a liberdade e me devolvem a concessão da sorte. Me impõem da política a leviandade e da sobrevivência me impõem a morte. Me usurpam, enfim, eu de mim mesmo e me devolvem a concessão dum sonho. Me impõe do imponderável o ermo e da eternidade me impõem o sono. Marionete que sou do egoísmo, do meu e de outros tantos. Tolhido da coragem, o heroísmo, inda me resta a concessão do pranto. Se aos cordéis entreguei os meus encantos, Pinóquio foi o meu nome de batismo. Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 10/10/2015
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