![]() Um falso assobio
Papel de seda fino e transparente, da tapioca, o grude fez-se cola. Um assobio manso que consola a saudade que dói dentro da gente. A mãe recebe o pai de camisola, enquanto o filho chora, ri e mente, tentando desculpar, inutilmente, cada nota vermelha da escola. Um novo assobio chama o vento, que não parece dar menor ouvido. O pai olha pro filho dividido, mas decide cumprir o juramento: De castigo, moleque! De castigo, até tirar as notas do vermelho. A mãe, mais complacente, dá conselho: filho ouve, meu filho, o que te digo. Hoje o moleque (um homem de respeito) ostenta um Portinari na parede, bebe champanhe pra matar a sede e empina suas pipas doutro jeito. Dizem que o seu único defeito é ter um Portinari na parede. Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 29/12/2015
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