No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Ebriedade

Sou sombra carcomida do passado,
escombro de infortúnio e desgraça.
Roeu-me, a embriguez, a carapaça,
pondo o terror noturno acordado.

Quanto mais ando mais a morte grassa
no sofrimento de doridos passos.
Pé, ante pé, carrego meus fracassos,
bebendo e vomitando a mesma taça.

Nasci um ébrio no primeiro trago!
Vivo a comer palavras como gago
e a balbuciar meus impropérios.

Morro um amanhã a cada dia,
a definhar cruel cacopatia,
herdada dos meus genes deletérios.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 06/10/2005
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