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Lembrança remida
Matei a prima lagartixa em Teresina. Andava, coitada, no muro do quartel. A pedra mais certeira que a levou pro céu; impregnou seu sangue na minha retina. Era uma fêmea lagartixa, inda menina, talvez a esperar seu doce namorado. E eu, que era um bom menino sem pecado, não pude compreender a alma feminina. Matei mais uma lagartixa em Olinda. Andava, a pobre coitada, entrevinda, a rastejar-se nos recifes de corais. Creiam-me! Eu também morri junto com elas; e hoje sobrevivo de acender as velas para lagartixas que não existem mais.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 07/10/2005
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