No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Só mais um intertexto com Belchior:

Aos pés de Dante


Era a hora do gol (a hora exata),
quando o tal analista apareceu:
um cara bem mais moço do que eu
vestindo roupa branca e de gravata.

E me falou a coisa mais sensata,
e, ao mesmo tempo, a coisa mais insana,
da divina comédia desumana
vivida por um velho magnata.

Segundo ele, o pobre milionário
viveu a vida inteira ao contrário
de tudo o que sonhou, desde criança.

Não foi feliz direito, inda por cima
morreu sem encontrar uma só rima
pra poetar o amor pelas finanças.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 14/05/2017
Alterado em 14/05/2017
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Comentários
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Eliane Triska
As infelicidades do percurso... O desfecho, como tantos teus, maravilhoso!
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essa coisa que admiro tanto em tua poética particular é essa capacidade ímpar com que tu é capaz de falar com propriedade de Dante a Belchior, do lirismo onírico em métrica exata e rimas ricas e ainda soar como estivesse proseando numa roda de chopp...
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Rico Brugi
Maravilhoso! Você é mestre, poeta! Abraços.
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Cida Micossi
Caro poeta, seu texto é contundente e surpreende pela visão dos fatos. Toca fundo na emoção. AMEI!!!!

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