No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Poetalgia

Dói-me a poesia, essa quimera,
que me açoita os versos noite e dia.
Dói-me, vez que a dor e a poesia
são irmãs siameses, bestas-feras.

Dói-me, a cada flor da primavera,
o verso que me deixa o coração
e, ao chegar na flor inda em botão,
forja a lembrança viva do que eu era.

Dói-me, porque a dor faz o poeta,
que faz da sua dor a flor aberta,
que fecha o ciclo da inspiração.

Dói-me, finalmente, porque a dor
é a quimera que, por onde eu for,
há de fazer-me ver na escuridão.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 23/08/2007
Alterado em 04/01/2020
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras