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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Os novos inquilinos do poder

Dentro dos calabouços do poder,
entre ratos furtivos e baratas,
os bichos, que ostentam duas patas,
aprendem facilmente a roer.

Vestidos em seus ternos e gravatas,
de colarinhos brancos engomados,
negam veementemente os seus pecados,
por sob mil senões e mil bravatas.

Assim dá-se a mudança, e nada muda.
E a cada dia fica mais polpuda
a pança do espúrio capital.

E os ratos e baratas, em festança,
ofertam os seus sobejos, como herança,
ao predador, herdeiro natural.

Não fosse algum deslize inusual,
ninguém daria conta da mudança.

É que um rato, seu moço, nunca cansa
de defecar nas sombras da moral.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 14/02/2019
Alterado em 15/02/2019
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