![]() Triste fim
Quem vive a ruminar adjetivos E defecar palavras boca afora. Quem vive a escarrar, à toda hora, O ranço sepulcral dos mortos-vivos. Quem vive a pôr a alma de penhora, Ao som dos borborigmos fecais. Quem vive sempre, à sombra dos boçais, A fustigar os outros com espora. Quem vive a insultar, cada vez mais, Enquanto a inteligência embolora. Quem vive, à luz da caixa de Pandora, A desprezar a dor dos desiguais. Um dia há de ouvir seus próprios ais E mendigar perdão, enquanto chora. Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 26/07/2019
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