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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Se algum dia o amor vier me procurar, diz a esse monstro que fugi de casa. Augusto dos Anjos

Os espinhos do amor

Amei, como um escravo, a vida inteira,
sem perguntar porquê, qual o motivo.
Talvez, porque quisesse manter vivo,
um broto que floria na roseira.

Amei sem procurar adjetivos
pra iluminar as trevas da cegueira.
Amei o seu perfume, que hoje cheira
nos jardins, para além dos mortos-vivos.

O amor guarda a maldade em segredo,
até que um belo dia, tarde ou cedo,
revela, ao cupido, o seu pesar.

E desse dia, até chegar ao fim,
segue a vender um falso manequim,
à espera que algum tolo venha usar.

Se um dia o amor quiser saber de mim,
digam que me enterrei nalgum lugar.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 07/02/2020
Alterado em 12/12/2020
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