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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Antropologia da boçalidade

Há os boçais de costume
como hienas e muares,
que são espécies vulgares
comedoras de estrume.
Mas existe um boçal raro
que tem o tino e o faro,
que nenhum boçal assume.

É o boçal que resume
toda a fauna dos bocais,
que ilumina os chacais,
como luz de vaga-lume,
que hora acende, ora apaga,
e segue espalhando a praga,
dando fedor ao perfume...

Esse boçal tá no cume
da suma boçalidade!
Rumina merda à vontade,
como o boçal de costume,
mas com uma diferença:
a merda que diz e pensa
tem mais fedor e volume.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 22/11/2020
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