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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Estranha canção de ninar

Insone, gasto as horas sobre a cama
a espiar a lua da janela.
A noite dá realce à luz da vela,
que a brisa da paixão atiça a chama.

Meus olhos, ora escravos das pestanas,
teimam em dar visão ao sofrimento.
O sono me escraviza o pensamento
e torna a vigília desumana.

Acorde de fadiga e depressão
ensaia o estribilho da canção,
que um dia eu sonhei houvesse feito.

Hoje tenho na noite a cicerone
que me vela a lembrança e, insone,
embala a dor do mundo no meu peito,

a ninar um amor que não tem nome,
por conta de uma dor que não tem jeito.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 16/12/2020
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