Passagem com Zé Limeira
Bateu no céu Zé Limeira. São Pedro abriu o portão, no dia de São João, num final de sexta-feira. Fez uma reza ligeira... -Apresente o documento. Limera disse -um momento! E respondeu num segundo: entreguei pra São Raimundo na hora do passamento. E dei também dez por cento de gorjeta a são Tomé, pra demostrar minha fé, como adiatamento. Pediu de novo um momento e retirou da bagagem, um bilhete de viagem, comprado há um ano atrás de um tal de Satanás, tendo direito a milhagem. São Pedro, por sacanagem, deu um pulinho pra trás, soltou um sopro de gás... convocou a vassalagem... e liberou a passagem pra Zé limeira entrar. Depois, tornou a bufar, no rumo de Santo Anatônio, um cheiro acre de amônio, que se espalhou pelo ar. Limeira pô-se a cantar, como cantam repentistas. Lotou o céu de artistas, cada um com o seu par. E até São Ribamar convidou São Gabriel prum duelo de cordel, num martelo agalopado, no idioma falado pela torre de Babel. Ofereceu álcool em gel, pediu pra guardar distância, condenou a ignorância (do que saiu do quartel) Elogiou o papel do saber e da ciência, inda marcou audiência com o Pai celestial, que pôs um ponto final no lugar da reticência. Zé Limeira é referência no singular e plural. Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 29/12/2020
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