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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Despeito

Há sempre algum riacho com despeito
pelas águas do rio mais perene.
Enquanto o rio segue, em tom solene,
a viajar tranquilo sobre o leito.

Quando é tempo de chuva, na enchente,
o rio dá-se um pouco ao riacho.
E vão seguindo juntos, água abaixo,
até o mar que espera logo em frente.

É quando o riacho, de repente,
por ver-se caudaloso e imponente,
esquece que há um tempo de estio.

E vai-se a chuva e o rio segue o leito,
mas o riacho sempre arranja um jeito
de cultivar despeito pelo rio.

Há riacho que, cheio ou vazio,
embora se alargue, é sempre estreito.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 27/01/2021
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