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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Bucolismo filosófico

Quando o mugir do boi desperta o dia,
o sol chacoalha luzes sobre o pasto,
eu me pego a pensar o quanto é vasto
o chão que Deus plantou a poesia.

Aqui e ali, um verso anuncia
o parto de um poema concebido.
A terra abre o ventre adormecido
e espalha vida feito epidemia.

Quando o ruflar das asas silencia,
o sol veste as cobertas do horizonte,
a lua ascende aos céus por trás do monte
e toda essa saudade se esvazia...

Eu me pego a pensar, por um instante,
como hei de fazer a travessia:
como um verso que embala a poesia 
ou um calo no pé de um viajante.

Como fosse o Quixote de Cervantes
ou a brisa a soprar na ventania.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 30/01/2021
Alterado em 26/02/2021
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