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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Um poema ao nada 

O nada nada nu no mar vazio,
qual ondas de areia no deserto,
que se movem ao vento, em rumo incerto,
por sob a imensidão do céu de estio.

O nada nada torto como um rio,
que corre, do adeus para a saudade,
levando um coração pela metade
e um pranto que, enfim, saiu do cio.

O nada não é nada e, no entanto,
é mais do que intenta um só pranto
nos olhos de um homem sem paixão.

E um homem sem paixão não tem presente.
Embora durma e sonhe como gente,
a vida lhe será um sonho em vão.

Um sonho pecador e penitente,
como alma doente em corpo são.

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 11/02/2021
Alterado em 28/11/2021
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