No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Psicografia no futuro do pretérito

Quando a morte abraçar a poesia,
ecreverei meu verso derradeiro,
como fosse Pessoa ou Caeiro,
dum modo que jamais escreveria.

E pela via sacra, ou outra via,
no rastro do fulgor parnasiano,
levaria do céu pro oceano,
uma estrela-do-mar: a estrela guia.

Seria, do soneto mediúnico,
o verso principal, senão o único,
a habitar as celas da memória.

E quando a carne enfim virasse nada,
eu refaria a última jornada,
no rastro da primeira trajetória.

E a poesia, alma predatória,
viria conspurcar a minha ossada.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 20/02/2021
Alterado em 24/02/2021
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras