No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Cirque du Soreil

O circo, em reunião,
No calor da pandemia,
Ecoa a hipocrisia
Da tosse do capitão,
Em nome da união
Entre a bala e a milícia
E da subreptícia
Nova ordem do messias,
Que pleiteia serventias
Aos federais da polícia.

Às ordens, meu capitão!
O rebanho, encurralado,
Aplaude ou fica calado,
Pelo sim ou pelo não.
E até o vice, Mourão,
Que tem o Moro ao se lado,
Como um velho e bom soldado,
Fica mudo e reticente,
Pois bom vice-presidente
Costuma esperar sentado!

E como diz o ditado,
Água mole em pedra dura,
Tanto bate até que fura,
Seu lugar tá reservado.
É só engordar o gado,
Por mais capim na cocheira,
Se agachar na trincheira
E ver a banda passar...
Depois tomar o lugar
E ocupar a cadeira!

Pois governo em fim de feira
É como bosta no mar:
Pra onde a onda levar,
Seja dura ou caganeira,
A danada segue e cheira,
O rastro do cagador.
Seja a bunda de quem for,
Qualquer que seja a patente,
Segue a maré, simplesmente,
Como um santo no andor.

Valei-me nosso senhor!
Valei-me nossa senhora!
Será que chegou a hora
Da bosta mudar de cor?
Peço vênias ao leitor.
Peço vênias à leitora.
Até mesmo à editora
Que publicar meu cordel.
Que Deus nos mande co céu,
A salvação da lavoura!
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 17/03/2021
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