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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Entressafra

Dormi, sob os lençóis da poesia,
a hibernar meus sonhos de poeta,
pra esconder aquela dor secreta,
que todos vão sentir um certo dia.

A dor que nunca disse que doía,
por medo que jamais fosse sentida.
Aquela dor que vive de partida
a cada novo adeus que anuncia.

Dormi, sobre o colchão da poesia,
a espreguiçar o verso que nascia
da dor que fez de mim um falso amante.

Hoje, acordado, ainda sonolento,
na entressafra doutro pensamento,
sinto, perto de mim, a dor distante.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 10/06/2021
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