No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Recordações

Saudade da fogueira, do quentão...
da faca sobre o pé da bananeira.
Saudade que parece brincadeira,
mas na verdade é fogo de ilusão.

Saudade de ouvir o arcordeão
a solfejar um xote de Gonzaga.
Saudade de ouvir a algazarra
da noite enfumaçada de São João.

Saudade do vestido remendado
que fazia o amor entrar no cio.
Saudade de soprar um assobio,
como fosse a paixão dando recado.

Saudade que hoje anda lado a lado
aos sonhos que não canso de sonhar.
Saudade das estrelas, do luar...
dos beijos que engoli no meu passado.

Saudade de ter sido o namorado
do vestido de chita mais bonito.
Saudade de voar no infinito
e descobrir que estava enamorado.

Saudade de poder ficar calado,
enquanto o coração guardava o grito.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 23/06/2021
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras