Cantigas de roda
Terezinha de Jesus atirou o pau no gato, e pelo seu desacato, um castigo ela fez jus: dois enormes bois Zebus e um boi da cara preta, lhe puzeram na gaveta feito o escravo de Jó, ao chegar no Itororó com asas de borboleta. Quando um Saci de muleta e a galinha do vizinho pintaram o passarinho mais bonito do planeta: asas de cor violeta, ligeiro que nem corisco, que só mesmo pai Francisco tocando o seu violão, cantou o cai cai balão, gravado em fita e disco. Deixo aqui este rabisco pra dizer em verso e prosa, que nem o cravo e rosa quizeram correr o risco de sair, sob o chuvisco, pra descobrir por que é, que o sapo não lava o pé, mesmo o sapo-cururu, e que o mandacaru não espinha quem tem fé. Na vazante da maré nasceu, sem ser semeado, o velho alecrim dourado da loja do mestre André, que vendia picolé de baunilha e chocolate, pirulito bate-bate e o que na Bahia tem. Vendia balão também, colher de pau e chá mate. Pergunto então para o vate: Samba lelê tá doente, ou tá enganado a gente, preparando o xeque-mate? Quem sabe o engraxate que envernisou a barata e o sapato da mulata, que me ensinou a nadar, ou os peixinhos do mar sob a lua cor de prata? Só me resta a ladainha, ao som de dó-ré-mi-fá, e jogar o caxangá, da ciranda cirandinha, até que a fada madrinha, possa mandar ladrilhar o céu, a terra e o mar, com pedrinhas de brilhante, pra que meu grilo falante volte de novo a falar. Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 01/07/2021
Alterado em 03/07/2021 Copyright © 2021. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |