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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Amor a pilha 

Desnudo, sobre a cama de Platão,
o amor se alienou do próprio mundo
e transformou, num fio de segundo,
o tempo entre o piscar e a visão.

E se entregou, de alma e coração,
aos dentes afiados da libido,
que, ao penetrar o fruto proibido,
fez derramar a seiva da paixão.

Platão amanheceu, ao pé da cama,
negando que o amor acenda a chama,
que anima as sombras presas na caverna.

Foi preciso um poeta, bem mais tarde,
mostrar que a velha chama ainda arde,
ainda que a paixão não seja eterna.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 16/10/2021
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