Metáfora do Eu

E pisca, e pisca, e pisca o vagalume!

E voa, e voa, e voa a borboleta!

Na adversidade do planeta,

Cada ser vivo vive o seu costume.

Exala, exala a flor, o seu perfume!

E pica, e pica, e pica o pica-pau!

E uiva o lobo bom, o lobo mau...

Porque a natureza assim presume.

E tosse, e cospe, e funga o bicho homem,

Até evacuar, do abdômen,

Os tantos outros bichos que comeu.

Somente a poesia, escrava sem senzala,

Não pisca e nem pica, não voa e nem exala,

Mas sabe, exatamente, quem sou eu.