No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

De volta ao cais

Por entre os cochichos dos casais,

O tango se evola de paixão!

Um trago de cigarro, solto em vão,

Faz o bandonéon tossir seus ais!

 

Um bêbado encosta no balcão

E pede uma garrafa de carinho.

Um outro, que também bebe sozinho,

Afoga a sua dor na solidão.

 

O tango veste as roupas da tristeza,

E sai, a mendigar, de mesa em mesa,

Um trago de amor e nada mais.

 

Eu pego, então, o lápis, o papel...

Converso dois segundos com Gardel,

E nado, em um soneto, até o cais.

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 14/01/2022
Alterado em 14/01/2022
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