![]() Último tragoO verso queima a mão que ora escreve em letras, quase mortas, um soneto. A cinza esconde a rima do terceto na pedra sepulcral de triste verve.
O coração, parado, já não serve pra propulsar o verbo pelo corpo, que, vivo, foi poeta e hoje morto, sofre ainda mais do que parece.
Se Deus pudesse ouvir em cada prece, a tosse esfumaçada que enegrece o derradeiro trago. A poesia,
volátil como o fumo do cigarro, seria tão somente o pó do barro que sobra do poeta, quando cria. Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 01/03/2022
Alterado em 02/03/2022 Copyright © 2022. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
|