No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

 

De BELIANIS DE GRÉCIA A D.QUIXOTE DE LA MANCHA

Miguel de Cervantes

 

Rompi, cortei, amolguei, fiz e refiz

Mais que no orbe cavaleiro andante;

Fui destro, valente, arrogante;

Mil agravos vinguei, cera mil desfiz.

 

Façanhas dei a Fama que eternize;

Comedido e regalado amante;

Foi anão para mim todo gigante

E ao duelo em qualquer ponto satisfiz.

 

Tive a meus pés prostrada a Fortuna,

E trouxe do copete minha cordura

À calva Ocasião ao estricote.

 

Mas, ainda sobre os cornos da lua

Sempre se viu no cume minha ventura,

Tuas proezas invejo, ó grão Quixote!

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De Culinha de Piripiri para Zé Pixote de lambança

Herculano Alencar

 

Bebi, cantei, dormi e vomitei,

Nas mesas de duzentos botequins.

Mijei até formar pedra nos rins,

E fiz da boemia a minha lei.

 

Amei, como um vassalo e como um rei,

As damas da esquina do pecado.

Deixei tanto lençol ejaculado,

Que já perdi a conta, ou não contei.

 

Varei noites em claro pelas ruas,

Vivendo e aprendendo falcatruas,

Com um lenço amarrado no cangote

 

Se fui entre os boêmios um gigante,

Me curvo em reverência, neste instante,

Ao deus da boemia: Zé pixote.

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 04/05/2022
Alterado em 04/05/2022
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