![]() Morte, Juízo, Inferno e Paraíso Manuel du Bocage
Em que estado, meu bem, por ti me vejo, Em que estado infeliz, penoso e duro! Delido o coração de um fogo impuro, Meus pesados grilhões adoro e beijo.
Quando te logro mais, mais te desejo; Quando te encontro mais, mais te procuro; Quando mo juras mais, menos seguro Julgo esse doce amor, que adorna o pejo.
Assim passo, assim vivo, assim meus fados Me desarreigam d'alma a paz e o riso, Sendo só meu sustento os meus cuidados;
E, de todo apagada a luz do siso, Esquecem-me (ai de mim!) por teus agrados Morte, Juízo, Inferno e Paraíso. **************************************** Viagem post mortem Herculano Alencar
Juízo, purgatório ou inferno, Não sei pra onde vou depois da morte. Se Deus quiser, com muita, muita sorte, talvez vá me livrar do fogo eterno.
Por ser um pecador de curto porte, Quem sabe entre na fila de perdão Com Eva, a serpente e Adão, Até a emissão do passaporte.
Sabe-se lá, meu Deus, inda viaje Nos versos dum soneto de Bocage, E suba do inferno ao paraíso.
Quem sabe inverta o meu itinerário E faça a viagem ao contrário: Inferno, prugatório... e juízo. Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 05/05/2022
Alterado em 07/05/2022 Copyright © 2022. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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