![]() O beijo da morte
Quando a morte vier ao meu encontro, vou beijá-la na boca espavorido. Vou doar-me inteiro e, possuído, provarei que há muito estou pronto.
Eu vou conter o ímpeto do pranto, tocar seus seios murchos, combalidos... até, que quase morto, em um gemido, entregarei min'alma aos seus encantos.
E doarei também os meus quebrantos, a minha velha figa, os meus santos e todos os penhores que eram meus.
E ao fim do suspiro, já cansado, quando o corpo se for, abandonado, terei tempo de sobra pro adeus.
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Grato ao amigo Solano pela interação
TANAFOBIA Solano Brum
"-Deus que livre dessa sua morte!" Não a quero nem preparado estou... Saio daqui, talvez, vá pro Polo Norte; Nem deixarei recados pra onde vou!
Pobre de mim que nada tenho -Nem cachimbo pra deixar pra ela! Toda riqueza no prego do empenho Só do sinto sobrou-me sua fivela,
Que apertou meu ventre esfomeado, Muitas vezes estando eu na solidão Roncou deveras pelo pouco que comeu!
Não tenho nada, pobre e desgraçado Quero distância dessa horrível aparição Para nunca, nunca ter que lhe dizer adeus.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 06/08/2022
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