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Triste sina
Lá se vaia a menina, barriga vazia,
a carregar no colo, um sonho de amor. Alguém, que a cobiça, gerou sua cria, suas pernas roliças perderam o pudor. Lá se vem a menina com dois corações. Já não tem mais infância, cumpriu sua sina. Os seus sonhos desfeitos são mil ilusões: são riachos vazios não enchem a tina! Lá se vai a menina, já não tão menina, com os seus pés descalços fugir do sertão: e a imagem da fome no céu da retina! Vestiu-se de mulher pra amassar o pão! Ora se exibe nua, por trás da cortina, para ser possuída por qualquer João.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 16/10/2022
Alterado em 16/10/2022 Copyright © 2022. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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