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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Falso prurido

Em nome da moral e do costume,

O talento se rende ao malfeito.

E o artista, que sempre é o suspeito,

Serve, à moralidade, como estrume.

 

Em nome da moral, bate no peito

O coração dos homens sem moral.

E o outro acha tudo natural,

Desde que não invada o seu direito.

 

E como a causa é parte do efeito,

A flor há de exalar o seu perfume.

Em nome da moral e do costume,

Uma flor sem perfume tem defeito.

 

Um moralista, como um vaga-lume,

Ora acende ora apaga o preconceito.

Herculano Alencar

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 27/10/2022
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Comentários
J
Joaquim Garcia
O DEDO EM RISTE = = = Não se pode ser sempre moralista, / Com o dedo em riste a todo momento, / A ver o outro como um pestilento, / Que fere sua visão moralista./////// Se nas ações dos outros sempre avista / Algo errado, no seu julgamento, / Condena, como faz todo extremista, / Com base em seu falso discernimento. ////// Não vê que, quando um dedo aponta a esmo, / Os outros três apontam pra si mesmo, / Como a lembrar de suas próprias faltas. //////// O erro que observa e ressalta, / Quase que sempre nele está presente, / Lá no fundo, tão fundo que não sente. ============ Sempre que leio um soneto teu recebo a visita da ins(piração). Grande abraço do JOTA
F
Fernando Alencar
Um belo de um soneto Aplausos pra ti.
foto
Joaquim Veríssimo Ferreira Filho
Há narrativa que esconde o sujeito// e há jeito que ajeita o suspeito//há coberta que descobre o defeito//e o Sonetos de Herculano está perfeito!!!...//

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