No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Falso prurido

Em nome da moral e do costume,

O talento se rende ao malfeito.

E o artista, que sempre é o suspeito,

Serve, à moralidade, como estrume.

 

Em nome da moral, bate no peito

O coração dos homens sem moral.

E o outro acha tudo natural,

Desde que não invada o seu direito.

 

E como a causa é parte do efeito,

A flor há de exalar o seu perfume.

Em nome da moral e do costume,

Uma flor sem perfume tem defeito.

 

Um moralista, como um vaga-lume,

Ora acende ora apaga o preconceito.

Herculano Alencar

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 27/10/2022
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