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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Pode fazer silêncio, por favor!

Não sei fazer silêncio, sou poeta!

E poeta jamais se silencia!

Ainda que lhe falte a poesia,

A alma está sempre irrequieta.

 

Poeta vive sempre à revelia

Dos sábios, dos filósofos, de tudo.

Ainda assim jamais se cala, mudo,

Nem mesmo quando a verve se esvazia.

 

Não sei fazer silêncio, inda que tente,

Pois há um algo mais dentro da mente

Que me corrompe a boca e solta a fala.

 

Somente o coração fica silente,

Porque pode esconder a dor que sente,

E quando a voz ecoa, o peito cala.

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 15/11/2022
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