No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Soneto para um violão

Meu violão há muito está calado

Num cantinho qualquer do meu sofá!

Desafinado em si, dó, ré, mi, fá,

Em sol, vive também desafinado.

 

Nos tempos que tocava "Sabiá",

E meus dedos ainda tinham calo,

Sentava na calçada pra tocá-lo,

Enquanto tu cantavas lalalá...

 

Meu violão gastou a poesia!

Já não toca e, raramente, chia

O chiado enfadonho das pestanas.

 

Já não sente o aperto da tarraxa!

Hoje eu acho, que ele também acha

Cordoalhas de nylon muito estranhas.

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 23/03/2023
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