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Último trago
O verso queima-se na mão que escreve em letras, quase mortas, um soneto. A cinza esconde a rima do terceto na pedra sepulcral da minha verve. O coração, parado, já não serve pra propulsar o verbo pelo corpo, que, vivo, foi poeta e hoje morto, sofreu ainda mais do que parece. Se Deus pudesse ouvir em cada prece, a tosse de fumaça que enegresse o derradeiro trago. A poesia, volátil como o fumo do cigarro, seria o pó que evaporou do barro na hora em que o soneto padecia.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 12/12/2007
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