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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Lamas de março

As chuvas de verão tão indo embora,

Deixando um rastro enorme pelo chão:

Acordes de Jobim, promessa em vão,

Que diz que a natureza também chora.

 

Um pedaço de pau, feito pião,

A rodar pela tampa dum bueiro;

Uma lata de lixo, um mau cheiro,

Um corisco seguido de trovão.

 

São as lamas de março do outono

A sujar, como fosse cão sem dono,

Uma pedra no meio do caminho.

 

A pedra que Drummond deu pra Jobim,

E que um certo alguém jogou em mim,

Pensando que eu fosse um passarinho.

 

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 23/03/2025
Alterado em 23/03/2025
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