No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Soneto da Infidelidade

A chama da traição ardeu no meu passado,

Até se apagar nas cinzar do presente.

E fez meu coração arder, inutilmente,

No fogo da paixão há muito apagado.

 

A infidelidade abriu o cadeado

Da porta da prisão das dores do futuro.

E mesmo em liberdade, a esmo, eu procuro

Voltar para a prisão do beijo nunca dado.

 

Amei por uma vida a falsa Colobina,

Que tinha um Alerquim, à espera na esquina,

E um outro Arlequim à sombra de Platão.

 

Amei, qual Pierrô, em pleno carnaval.

E hoje em solidão eu sei, que bem ou mal,

O amor não vacina contra a traição.

 

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 16/05/2025
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