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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Fabela dos dois bons poetas
Num reino, em que reinava a poesia,
viviam dois poetas diferentes:
Um deles, um poeta displicente,
guardava todos versos que fazia.

O outro trabalhava, noite e dia,
todos os seus sonetos e poemas.
Ele escrevia sobre vários temas:
Tornou-se um imortal de academia!

Ao falecerem, já no purgatório,
-passagem compulsória dos poetas-
purgaram suas máculas secretas,
desde o nascimento ao velório.

O imortal, de culto e oratório,
tornou-se querubim, na hierarquia.
Ao displicente, o pai reverencia
e põe-se a recitar-lhe o repetório.

A poesia é o contraditório
entre a verve e a obra que se cria.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 06/04/2008
Alterado em 06/04/2008
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