No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Fabela da coruja e o gavião

—Bom dia compadre! Por que vagueias?
—Ando à procura de matar a fome.
Quisera ter nascido um bicho homem,
pra qualquer outro me servir de ceia!

Pávida, a coruja titubeia
e num chilreio pede ao gavião:
—Oh, Meu compadre! Os meus filhos, Não!
São muito belos pra fartar-te a ceia.

—Mas só procuro criaturas feias
e ainda assim vivo a morrer de fome.
Por que eu não nasci um bicho homem!?

A coruja, com dor no coração,
entrega-o um ovo em gestação:
—Prefiro dar-te um filho a ver-te homem!

O homem inventou o lobisomem,
e deu-se (corpo e alma) à ficção.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 23/03/2006
Alterado em 09/07/2019
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