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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Meu último soneto

Dos Anjos, meu poeta obituário,
rogo que tu me tenhas compaixão,
pois hoje enterro aqui, no meu caixão,
mais um soneto e meu vocabulário.

Sou um poeta tolo e perdulário,
que vive a compor mil poesias;
que rima convulsão com agonia
e escreve roma sempre ao contrário.

Fazer soneto, Agusto, é meu calvário
e tentar te imitar, a minha cruz.
Como o ladrão ao lado de Jesus,
eu sou apenas mais um comentário.

Receba-me, poeta obituário,
pra que à morte eu possa fazer jus.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 01/03/2007
Alterado em 24/10/2020
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